
O que é o Amarelão?
Também conhecida como ancilostomose, essa doença é uma parasitose intestinal provocada geralmente por dois vermes, o A. duodenale ou o N. americanus.
Essa doença era muito prevalente no passado, pois a situação de saneamento básico nas regiões era muito mais precária que atualmente, mesmo assim, ainda temos muitos casos dessa doença. Estima-se que 900 milhões de pessoas sejam parasitadas por A. duodenale e N. americanus e que anualmente 60 mil pessoas infectadas morrem.
Dessa forma isso nos leva a pensar que apesar de nas cidades essa doença ter menos chance de se proliferar, nas zonas rurais e nas periferias essa doença continua no seu auge.
O tratamento dessa doença é simples assim como em todas as parasitoses, mas para isso as pessoas precisam entender como essa doença funciona, pra facilitar a compreensão das maneiras de prevenção, também chamada de profilaxia.
Quais são as regiões onde eu encontro essa doença?
O
Ancylostoma duodenale é conhecido
também como Ancylostoma do Velho Mundo, e é encontrado em regiões temperadas,
ou seja, regiões de baixa temperatura chegando, em média nos meses mais quentes
de -3 a 18°C, embora também podem ser encontrados em regiões tropicais onde o clima ainda permaneça um tanto frio.
Alguns países da região temperada são: Estados Unidos da America, Chile, África do Sul, Austrália, e alguns do interior da Europa e do Norte da Ásia.
O Necator americanus é conhecido como
Ancylostoma do Novo Mundo, é predominante das regiões tropicais aonde a
temperatura passa dos seus 18°C. Já a terceira espécie menos conhecida Ancylostoma ceylanicum predomina tanto nas regiões tropicais quanto nas regiões
temperadas.
Alguns países da região tropical são: alguns situados no sudeste da Ásia como a Tailândia, Malásia, Singapura e sul da Índia; na porção central da África como a Costa do Marfim, Quênia, Angola e Uganda; na América do Sul e Central como a Venezuela, Bolívia, Peru, Cuba, Haiti e Brasil.
No entanto deve se tomar
muito cuidado e ficar sempre atento, pois, estão praticamente em todos os
lugares e ambientes mais comuns e frequentados muitos por nos seres humanos. A espécie que mais devemos tomar cuidado é N. americanus, porém há indícios de que a partir da colonização a espécia A. duodenale foi trasportada ao Brasil, sendo mais prevalente em locais frios.
Como eu pego o Amarelão?
Transmissão
A transmissão ocorre de duas maneiras, ou pela penetração da larva na pele (cutânea), ou pela ingestão dela de alguma forma (oral). Isso pode acontecer pelos pés descalços, devido o contato da
pele direto com o solo contaminado, no qual em apenas 5 min
a larva consegue penetrar a pele e entrar no nosso organismo ou quando bebemos água/comemos alimentos contaminados.
Algumas formas mais comuns, nas quais você pode acabar se contaminando são:
- Penetração da larva na pele, ao caminhar descalço em local onde a terra pode ter tido contato com fezes dos infectados, em rios e lagos isso também ocorre,
- Através da água que provém de locais como poços artesianos ou não tratadas. Geralmente em regiões rurais onde são usadas fossas sépticas e latrinas, a água vinda dos lençóis freáticos fica contaminada.
- Através de alimentos que foram irrigados com água contaminada ou após terem sido usados adubos de fezes humanas.
- Colocar a mão contaminada direto na boca, sem
terem sido devidamente lavadas.
- Contato direto em locais como tanques de areia e gramados.
- Ao entrar em contado direto com fezes de
animais contaminados.
O que o verme faz no organismo?
Os
ancilostomídeos assim como muitos parasitos são monoxenos, ou seja,
tem seu ciclo biológico direto sem hospedeiro intermediário. E têm sua primeira
fase larvária no meio exterior, de vida livre, enquanto a segunda fase se trata
da sua evolução dentro do hospedeiro, parasitária.
Os
ovos de ancilostomídeos são eliminados nas fezes, e quando em condições
favoráveis eclodem fazendo com que as larvas de primeiro estádio cheguem ao meio, essas
larvas rabditóides somente se deslocam na parte líquida que encontram do solo,
e lá se nutrem de material orgânico e bactérias, se transformando em larvar de
segundo estádio L2 e L3 de cinco a sete dias. Estas larvas de terceiro estádio
são as larvas filarióides, e são as únicas que podem infectar o homem. Elas já
não precisam fazer a alimentação, pois apresentam reservas nutritivas que só se
esgotam após meses.
Essas
larvas L3 entram em contato com a pele do hospedeiro, ou seja, o humano e se
penetram na pele e chegam às vênulas subcutâneas e logo após, aos vasos
linfáticos o que faz com que essa circulação chegue aos pulmões e enfim aos
capilares pulmonares, onde se alojam por um tempo. Atravessando as paredes dos
alvéolos essas larvas se aproveitam das secreções mucosas para subir pela
árvore brônquica e logo após pela laringe e por fim a faringe, sendo deglutidas
o que as leva ao intestino delgado, na luz do duodeno, onde ocorrem as últimas
ecdises transformando-se em larvas L4 e L5 até se tornarem vermes adultos e
serem diferenciados entre machos e fêmeas. Essa fase ocorre de cinco a nove
semanas desde a penetração da larva na pele do hospedeiro até a formação dos vermes
adultos, que lá fazem a copulação e logo a fêmea inicia a oviposição.
As
larvas de Ancylostoma duodenale
também são infectantes por via oral, e no seu ciclo elas não realizam o ciclo
pulmonar, indo direto ao gastrointestinal.
Como eu sei que estou com essa doença?
Sintomas
Os primeiros sinais e sintomas da ancilostomose são no local da picada:
- Coceira
- Edema (acúmulo anormal de líquido)
- Hiperemia
(aumento da quantidade de sangue circulante no local)
- Dermatite
urticariforme (provoca urticárias)
Logo após ocorrem pequenas lesões pulmonares, onde a pessoa pode ficar com tosses de longa duração e febre baixa.
O
parasitismo intestinal caracteriza a doença, tendo registros de:
- Mal-estar
- Dor
epigástrica
- Diminuição
ou falta de apetite
- Indisposição
- Náuseas e vômitos
- Cólica
- Flatulências
- Anorexia
- Diarreia
(podendo ter diarreia com sangue)
- Desnutrição
- Geofagia
(ingestão de terra ou barro)
- Síndrome de pica (apetite depravado)
Em alguns casos pode ocorrer:
- Apendicite
- Insuficiência
respiratória
- Anemia
grave (esse é o principal sintoma da ancilostomose e por conta da sua
desnutrição podem ocorrer alterações nas funções digestórias)
- Anemia
aguda hemorrágica (é muito rara, mas pode acontecer)
- Dilatação
cardíaca
- Apendicite
- Insuficiência
respiratória
- Anemia
grave (esse é o principal sintoma da ancilostomose e por conta da sua
desnutrição podem ocorrer alterações nas funções digestórias)
- Anemia
aguda hemorrágica (é muito rara, mas pode acontecer)
- Dilatação
cardíaca
Em casos graves podem ocorrer:
- Inflamações
no jejuno (uma das partes do intestino)
- Ulcerações
- Hemorragias
graves
- Supuração
(acúmulo de pus que se forma no local da ferida
ou consequência de uma infecção)
- Gangrena
(morte de um tecido causado por uma infecção ou
falta de fluxo sanguíneo)
- Trombose
- Necrose dos tecidos do intestino
Os sintomas da ancilostomose começam fracos e vão aumentando gradativamente, essa doença é caracterizada por ter consequências fortes e pode levar a morte, portanto se está com dúvidas se está infectado ou não, vá ao médico.
Não queremos que tenham o mesmo destino do Jeca Tatu!
Diagnóstico
Agora que você vai ao médico, aqui vão algumas informações do que o seu médico vai pedir:
O diagnóstico da ancilostomose é feito de duas formas: o coletivo e o individual.
No diagnóstico coletivo, também chamado de epidemiológico, é vista a incidência da doença na população, para que as autoridades governamentais possam criar medidas de prevenção coletiva e melhorias,
Já o individual se constitui
no diagnóstico clínico (onde são avaliados os indícios de sinais e sintomas cutâneos, intestinais,
pulmonares e presença de anemia) e no diagnóstico laboratorial (confirmação da
doença através do exame parasitológico de fezes ou coprocultura ou sorologia).
Exame parasitológico de fezes (EPF):
A função desse exame é
diagnosticar parasitos intestinais, por meio de várias pesquisas de diferentes
formas de parasitos que são eliminados nas fezes. Para o diagnóstico de
ancilostomose esse exame é o mais indicado porque através dele podem ser encontrados
os ovos de ancilostomídeos.
O meio utilizado no exame é
o microscópico, onde se tem a visualização
de ovos e larvas de helmintos. E geralmente por modo qualitativo no qual mostra o
aparecimento dos ovos sem determinar a quantidade.
Na
maioria das vezes a quantidade de formas parasitárias eliminadas nas fezes é
pouca e por isso é necessário recorrer a processos de aumento para
concentrá-las.
Os métodos utilizados para realização desse exame são:
- Sedimentação espontânea (método de Lutz, de Baermann-Moraes e de Rugai)
- Flutuação espontânea (método de Willis)
- Centrífuga-flutuação no sulfato de zinco (método de Faust),
- Métodos quantitativos (método Kato-Kats e de Stoll)
- Coprocultura
- Técnicas Imunológicas (sorologia e outros)
Estou com a doença, como eu trato?
Tratamento
O
tratamento é realizado com anti-helmintos ou vermífugos. Os anti-helmintos mais
utilizados são: Albendazol e Mebendazol, porém atualmente os
vermífugos têm sido mais indicados, um deles é o : Pamoato de pirantel.
Além
da terapia medicamentosa dependendo da gravidade da ancilostomose o paciente
deve ter uma alimentação suplementar rica em proteínas e principalmente em
ferro. Dependendo do grau de anemia pode ser indicado um tratamento pelo
consumo de suplemento de ferro por via oral.
O
exame de fezes pode ser solicitado após três semanas para ver se ouve cura.
Como eu evito ter essa doença?
Profilaxia
O principal modo preventivo coletivo para a ancilostomose é o saneamento básico, porém outras medidas individuais são de extrema importância.
Essas três medidas dificultam a infecção
do ancilostomídeo por via oral:
- Lavar sempre as mãos antes das refeições - Lavar alimentos que são consumidos crus - Beber água filtrada ou previamente fervida
Medidas gerais
- Bons hábitos de higiene- Não usar fezes humanas como adubo- Andar sempre calçado em zonas de matas e campo - Usar luvas e calçados ao frequentar locais ou
manipular objetos contaminados
Esses são os meios mais eficientes e duradouros para controlar a doença, porém em locais
endêmicos (onde essa doença é prevalente o ano inteiro) em que as pessoas possuem baixo poder aquisitivo, o custo dos sapatos
que impedem a passagem do parasita acaba sendo alto demais, o que dificulta a prevenção da doença.
Essas
medidas utilizadas não são somente para a ancilostomose, são úteis contra diversas parasitoses.