Hortaliças & ancilostomose

22/07/2018

Um fato que poucas pessoas sabem é que a prevalência da ancilostomose em hortaliças (principalmente, a alface) é relativamente mais alta do que em outros alimentos. Fizemos um levantamento de dados que mostra que mesmo lavadas até duas vezes, elas ainda podem conter contaminações.


A alface é a hortaliça mais consumida no Brasil pois além de ser saborosa, é de baixo custo, adaptável a qualquer solo e de fácil produção. Por isso ela foi o foco dessa pesquisa, sendo a hortaliça que tem mais chances de transmitir a ancilostomose de forma oral.


Existem varias formas para a contaminação de hortaliças, como: 

  • Estoque inadequado
  • Presença de moscas
  • Manuseio inadequado
  • Instrumentos contaminados
  • Solo contaminado por fezes
  • Processo de adubação com fezes de animais
  • Contaminação da água que se utiliza para irrigação
  • Entre outros.

Resultados:


Em 2003, em Campo Mourão, estado do Paraná entre o mês de julho a setembro, foi realizado um estudo em 150 alfaces sendo 75 para supermercados e 75 para feiras livres. Não foi encontrada a prevalência de ancilostomídeos nas amostras de supermercados, já nas amostras de feira livre foram identificadas 9,1% de formas de Ancylostoma sp. 


Isso mostra o quão é mais frequente encontrar hortaliças que não são lavadas corretamente em locais onde não há grande inspeção sanitária, como nas feiras livres.

Nos anos de 2003 e 2004, em Salvador foi realizada uma pesquisa de alfaces em supermercados, sendo utilizadas 60 alfaces com a forma de cultivo orgânico (realizado diretamente pelo solo, sem produtos químicos) e cultivo hidropônico (cultivadas fora do solo e criadas sob a água). No modo de cultivo orgânico foi encontrada a prevalência de cerca de 13,3% de formas de ancilostomídeos após a sua segunda lavagem, já no modo de cultivo hidropônico prevaleceram 6,7% de formas ancilostomídeos após a segunda lavagem.

 

Esse estudou provou que apesar do número de formas de ancilostomídeos ter diminuído após a segunda lavagem, ainda sim não foram eliminados 100%.


No ano de 2009 em Cuiabá (MT), foram coletadas 45 alfaces-crespas de três redes de supermercados. O resultado foi de 33% de formas de ancilostomídeos encontrados nas alfaces-crespas. Outro exemplo foi no ano de 2011 no Rio Grande do Sul foram analisadas entre os meses de abril a setembro de 2011, 50 unidades de alface, 26 de rúcula e 24 de agrião, totalizando 100 amostras. Foi encontrada a prevalência na alface 6% de larvas de ancilostomídeos, já na rúcula foi detectada a presença de 19,2% de larvas desse verme, tendo 0% de prevalência no agrião

Em 2015, na cidade de Londrina onde foram coletadas amostras de alface e almeirão de feiras livres e supermercados contendo 8 amostras cada, onde foram analisados no Laboratório de Extensão e Pesquisas em Enteroparasitoses (LEPE). Foi encontrada a prevalência de 87,5% de formas de ancilostomídeos no alface, já no almeirão foi encontrada a ocorrência de 87,5% de formas de ancilostomídeos. 


Em 2016 entre os meses de junho e julho no Município de Ji-Paraná foram coletadas hortaliças de 5 restaurantes, contendo 20 amostras de cada restaurante, onde foram analisadas no Laboratório de Parasitologia do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná. No primeiro restaurante referente às hortaliças foi encontrada contaminação de 55% de Ancylostoma sp, já no segundo restaurante foi encontrada contaminação de 50% de Ancylostoma sp, no terceiro restaurante a prevalência de Ancylostoma sp foi de 35%, o quarto foi encontrada contaminação de 20% de Ancylostoma sp e por fim no quinto restaurante a prevalência foi de 15% de Ancylostoma sp.


Vale lembrar que a OMS (Organização Mundial da Saúde) determina um limite de ovos de nematoides nas águas de irrigação, podendo ser em qualquer vegetal, prevalecendo menos que ou igual a um.


Essas pesquisas mostram que com o correr dos anos, os números da prevalência de ancilostomídeos ao invés de diminuírem acabaram subindo, o que mostra como a preocupação com a saúde do consumidor cada vez mais está desaparecendo. Portanto, é extremamente necessário que o consumidor não fique refém disso, e sim saiba como se portar diante dessa situação.


Pensando nisso nós preparamos uma sessão explicativa de como higienizar suas hortaliças antes do seu consumo:

  1. Lavar as mãos e o local onde vai preparar os alimentos e colocá-los depois da higienização
  2. Retirar as folhas, partes e unidades deterioradas
  3. Lavar as folhas uma a uma em água potável,  passando delicadamente a mão sobre elas para retirar as impurezas
  4. Colocar as folhas em solução (veja abaixo o preparo) durante 15 minutos
  5. Enxaguar as folhas em água potável
  6. Se os alimentos não forem consumidos no momento é recomendado deixá-los escorrer e secá-los com papel toalha, feito isso colocar em saco plástico próprio para alimentos e refrigerar.

Forma de preparo da solução:


  1. Hipoclorito de sódio a 1%: utilizar 2 colheres de sopa rasa (20 ml) para 1 litro de água.
  2. Água sanitária para uso geral a 2 ou 2,5%: utilizar uma colher de sopa rasa (10 ml) para 1 litro de água.
Hoje existe nos mercados produtos específicos para desinfecção de hortifrutícola, se você for utilizá-los siga as recomendações do rótulo quanto a dosagem que deve ser utilizada por litro de água.


Observação: Nem toda água sanitária é própria para o uso em alimentos, por isso é extremamente necessário verificar o rótulo do produto,

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